sábado, 30 de julho de 2011

collioure (maio/2010)

Leio tantas coisas sobre viagens (revistas, blogs, guias) que não consigo lembrar de onde tirei a idéia de ir visitar Collioure. Sei que me apaixonei pelo lugar e encasquetei com a idéia de ir.
Collioure é uma cidade do sul da França, portanto às margens do Mediterrâneo, que faz parte da região francesa conhecida como Languedóc-Roussillon e tem uma forte cultura catalã. Está a 200 km de Barcelona, e foi numa das viagens para esta cidade que decidi conhecer Collioure.






A saga para chegar lá de trem, partindo de Barcelona, eu deixo para relatar a quem tenha vontade de ir, pois relatar o fato aqui faria este post ser mais longo do que deveria.



Fiquei 7 dias em Barcelona, 3 destes com o Marcelo e o restante sozinha. E foi nestes dias em que estive só que fui para o sul da França. Collioure é cidade de bate e volta para muita gente. Mas, como já disse aqui, não sou muito adepta aos bate e volta e quando posso dormir no local, nem que seja uma noite, é esta a minha opção.




E assim fiz, passei um dia e uma noite neste lindo lugar.
A cidade deve ser lotada no verão, pois era início da Primavera e já havia muitos turistas por lá, especialmente idosos que vão em caravana (?). Mas somente durante o dia, porque ao cair da tarde a cidade morre. Aliás, fiquei vendo o pôr do sol, que nesta época era por volta das 20h, e ao terminar o espetáculo já estava azul de fome e fui procurar algo para comer. Triste notícia... estava TUDO fechado. Até a pizzaria! Só encontrei um bar com três adolescentes bêbados, mas que só oferecia... bebidas. Resultado, comprei um suco de pêssego (de garrafinha) e fui tomar na cama do hotel.



O hotel que fiquei foi o Princes de Catalogne, muito bom e facílimo para deslocamento da estação para o hotel e do hotel para os pontos de interesse da cidade. A recepção, assim como toda a cidade, fica aberta até as 20 horas, mas você fica com a chave principal do hotel e a recepcionista me garantiu que era seguro voltar à noite sozinha.
Creio que no verão a coisa deva ser diferente por lá.





Collioure foi construída à partir do ano de 981, foi destino de navegadores fenícios, romanos e gregos e lugar de cobiça de vários povos devido à sua estratégica localização com saída par ao mar. No século XIII foi residência real e lugar de cruzadas religiosas.  Além disso, foi casa de grandes artistas no século XX, entre eles Derain, Matisse e Picasso, que pintaram suas cores lindamente.

Andre Derain
Henri Matisse

quinta-feira, 28 de julho de 2011

amsterdam (setembro/2010)

Amsterdam, capital da Holanda (Países Baixos), é uma cidade conhecida por seus inúmeros canais e por seu comportamento liberal.
Falando em comportamento liberal, uma das primeiras curiosidades sobre Amsterdam é o símbolo da sua bandeira, que é um XXX. Isto te obriga a fazer uma conexão imediata com o outro significado do símbolo que deriva do X-rated americano, denominação usada para advertir sobre conteúdo pornô.
O símbolo está espalhado por todos os cantos da cidade e isso pode fazer os não conhecedores da bandeira pensarem que a cidade é realmente muito liberal e que se orgulha deste fato.  Mas a coisa não é bem assim, os "x" são apenas coincidências. A bandeira da cidade foi instituída em 1975 e os 3 "x" representam as 3 cruzes de Santo André. 


Nossa viagem para Amsterdam foi em setembro/2010 e o roteiro foi Amsterdam - Brugge - Paris. Ficamos 5 dias na cidade e o hotel escolhido foi o Ibis City Stopera, que é central e tem fácil acesso aos pontos principais, seja caminhando ou com transporte público. A cidade não tem acomodações baratas (exceto hostels) e o custo em geral para o turista também não é nenhuma bagatela, mas nada assustador, o gasto maior é mesmo com hospedagem.

 


Logo ao chegar fomos caminhando até a Nieuwmarkt, que junto com a Dam, são as duas principais praças do centro de Amsterdam. Ao redor da primeira há vários cafés, restaurantes e coffee shops, além do De Waag, originalmente uma porta de entrada da cidade medieval. Já na Dam estão o Palácio Real e Niewe Kerk (Igreja Nova) e partindo daí, caminhando pela Damrak, avenida tulmutuadíssima e cheia de lugares pega-turista, chega-se à belíssima Central Station.
Na Nieuwmarkt paramos no t'Loosje. Estávamos com fome, mas o lugar não tinha comida, apenas bebidas, então fomos de Duvel (cerveja belga com teor alcóolico de 8,5%) e Leffe Blonde (também belga e um pouco mais levinha, 6,6% de teor alcóolico). À partir daí descobrimos que à noite é difícil conseguir lugares para comer na cidade, visto que a maioria dos lugares segue a linha que chamo de "only drink, no food".


Jet leg + Duvel = turvação visual

Caminhando sem rumo chegamos então ao famoso Red Light District, que está aí ao lado da Nieuwmarkt e ao lado da Oude Kerk (Igreja Velha)!
(aliás, um dos coffeshops da região, chama-se Coffeeshop "De Oude Kerk". Isso é que é convivência pacífica!!)
Não sou especialista em Red Light District, mas o local pareceu-me ser dividido em sub distritos para facilitar a escolha do freguês. Assim, há ruas de louras, negras, latinas, obesas que mostram com orgulho os kilos de celulite e até rua de travestis. O lugar merece ser visitado, mas definitivamente não é o melhor de Amsterdam, já que as hordas de marmanjos no cio, misturadas aos montes de turistas curiosos, faz do local um tulmuto só.
O R.L.D não tem somente prostitutas, também está repleto de sexshops e casas de shows eróticos. No entanto, o mais interessante é ver a convivência harmoniosa entre turistas, as "moças trabalhadoras" e os moradores locais, sendo muitos destes velhinhos que têm suas casas em cima da portinha de luz vermelha com moçoila de trajes mínimos na vitrine.

R.L.D. de longe, já que de perto não se pode fotografar as moças em horário de trabalho

Amsterdam tem uma arquitetura muito característica e suas casas estreitas de poucos andares têm grandes janelas que estão quase sempre com as cortinas escancaradas. Ou seja, pode-se apreciar facilmete a privacidade dos seus habitantes. Será que vem daí a predileção da cidade pelas vitrines exibicionistas? Já ouvi dizer que sim...

Outra curiosidade da cidade é o gosto dos seus habitantes pelas bicicletas. Vi muita bicicleta nas ruas de Berlim, mas Amsterdam é "hours concours".




No segundo dia de viagem fomos conhecer os canais do Jordaan (pronuncia-se iordán), bairro originalmente ocupado pela classe operária e posteriormente transformado em local de galerias de arte, lojinhas e restaurantes. Foi o distrito da cidade que eu mais gostei de conhecer!
É no Jordaan onde pode-se observar bem o desnível do terreno que caracteriza a cidade. Amsterdam foi construída sobre ilhas (o país fica abaixo do nível do mar), separadas por grande número de canais que estão dispostos de forma concêntrica. Seu subterrâneo é, portanto, formado por água e a olho nu pode-se ver que as casas estão bem inclinadas, umas encostando-se nas outras como se fosse para não cair.
O Jordaan é local para ser apreciado de dia e também à noite, devido aos seus muitos cafés, que detalhe, fecham cedo. Fomos ao II Priesen e ao 't Smaller.

Jordaan

casa torta
Café II Priesen


Próximo ao centro da cidade há um local com história muito interessante, o Begijnhof. Os "hofjes" são jardins internos cercados de casas que eram construídas na Idade Média para serem moradia de mulheres, a maioria delas que havia perdido seus maridos nas Cruzadas. As mulheres que aí moravam eram chamadas de Beguines. Elas viviam num regime que era tipo uma semi-clausura, mas não eram freiras, apenas faziam trabalhos religiosos e poderiam voltar para o mundo e casar, se assim quisessem. O mais antigo destes hofjes é o Begijnhof e nele está a casa mais antiga de Amsterdam. A última Beguine de Amsterdam morreu em 1971.

área externa do Begijnhof; a casa está quase caindo em cima do cara que vai passando


A região dos museus é um "must go". Visitamos o Rijksmuseum e o Museu Van Gogh. Aí próximo, a rua Hoofstraat alberga lojas de grifes famosas e alguns restaurantinhaos legais (nada baratos).



Na Albert Cuypstraat, que fica no De Pjip, bairro multicultural (vários imigrantes), animado e cheio de opções, há um mercado, o Albert Cuypmarkt, onde vende-se de frutas e verduras a roupas e badulaques. Mas o melhor desta rua é o Bazar, restaurante de comida turca com referências multi étnicas na decoração, atendimento simpático (coisa rara na cidade) e comida ótima. Foi então, em Amsterdam que tomei pela primeira vez Effes, a ótima cerveja turca. O Marcelo foi de Affligem, outra belga e também de abadia, assim como a Leffe. Ah, a Heineken, tão detestada por mim no Brasil (não suporto nem o cheiro), é deliciosa no seu país de origem.




A região dos canais Sul é muito linda e é onde mais vimos as famosas casas-barco que caracterizam a cidade. No Café Bouwman que fica na Utrechtsestraat, 102 comemos uma "apple pie" divina no nosso desjejum.
Estes cafés de Amsterdam, que estão aí há anos, geralmente são de madeira escura e impregnados com odor de tabaco, servem de café, restaurante e bar, ou seja, funcionam como pubs. Já os "outros" cafés, os coffeeshops, onde o consumo de marijuana é liberado, variam dos mais moderninhos aos decadentes e vazios (ou com somente um maconheiro perdido lá dentro) com fotos de Bob Marley e da bandeira jamaicana (precisa ser tão clichê??). 



Careca no Café Bouwman devorando a torta de maçã

Ficamos 5 dias em Amsterdam e no último deles fomos conhecer Volendam, cidade vizinha e à beira-mar (post à parte).

Impressões Amsterdanesas:
- a cidade não é barata;
- a Heineken holandesa é uma grata surpresa;
- o povo é mau humorado e de poucos sorrisos;
- as lojas do calçadão central só abrem ao meio dia (?); 

volendam (setembro/2010)

No último dia de viagem em Amsterdam fizemos um bate e volta até Volendam.

A cidade fica à beira mar e dista 22 km de Amsterdam. Por ser pequena pode perfeitamente ser explorada em um único dia de viagem.

Os atrativos são sua arquitetura típica, com casas de madeira, a maioria delas pintada na cor verde, lojinhas de souvenirs e os bares/restaurantes com peixes e frutos do mar. As barraquinhas de rua vendem deliciosos sanduiches de salmão defumado.

A melhor maneira de ir até Volendam é de ônibus. As informações que nos deram para conseguirmos chegar até lá foram as mais desencontradas possíveis, uns disseram que era melhor ir de trem, outro que era para ir de ônibus, mas enfim, o caminho é mesmo de ônibus, se não me engano o de número 100, que você pega na estação central de trem, mas não dentro e sim nos fundos da mesma.

Volendam em fotos:



sexta-feira, 22 de julho de 2011

brugge (setembro/2010)

A Bélgica parece ser um país um pouco esquecido pelos turistas. Sempre fica a dúvida: ir ou não ir visitá-la?
Já que o nosso roteiro tinha como principais cidades Asterdam e Paris, e Brugge tem acesso relativamente fácil a estas cidades, decidimos visitar a Bélgica. Sua capital e a Antuérpia, outra cidade importante do país, vão ficar para a próxima.

Brugge é a capital da região de Flandres e tem como língua oficial o flamengo. Sua história é deveras interessante. A cidade, que data do século IX,  foi durante muito tempo um dos centros comerciais da Europa, graças ao seu acesso direto para o mar. Além disso, no século XV, serviu de moradia para artistas e pintores famosos. Porém, por volta do século XVIII e início do XIX, Brugge perdeu seu posto comercial, tornou-se uma cidade esquecida e empobreceu, renascendo somente no século seguinte, até ter seu centro histórico tombado pelo patrimônio em 2000 e tornar-se capital européia da cultura em 2002.

Ir de trem de Amsterdam para Brugge leva menos de 3 horas, com conexão em Antuérpia ou Bruxelas.

a bela estação de trem de Antuerpia


O hotel que ficamos chama-se Hotel Van Eyck (http://www.hotelvaneyck.be/) e tem esta descrição no seu site (em português!): "originalmente uma residencia típica do século XVIII, o Hotel Van Eyck foi reconstruído e adaptado com o objectivo de proporcionar o conforto esperado pelos nossos clientes. Alguns detalhes de Art-Nouveau são ainda visiveis tal como a escada em espiral de acesso ao primeiro e segundo andares. O hotel está situado no coração da cidade, à sombra da Torre dos Sinos e a dois pasos de lojas e dos sítios de maior interesse histórico e cultural."
Assino embaixo da descrição, recomendo o hotel e digo que ele fez a nossa viagem ser ainda melhor; o atendimento e a gentileza da sua hostess, a Mireille, faz o lugar ser ainda mais especial.

hotel van eyck

hotel van eyck

Fazer um bate e volta a Brugge, como muitas pessoas fazem, é algo que se eu tivesse feito tenho certeza de que me arrependeria muito. Tínhamos decidido passar duas noites na cidade e foi uma decisão bem acertada.

Brugge é encantadora e aproveitá-la durante a noite é algo que eu ficaria com muita vontade de fazer caso não o tivesse feito.

Para saber o que fazer na cidade é só pegar um mapa com informações turísticas e caminhar... caminhar... dá para andar pela cidade toda à pé. Caso o meu amigo leitor vá ficar no Hotel Van Eyck, não precisa preocupar-se com nada, já que a Mireille te dirá todos os lugares onde ir e te dará mapinhas. Deixo aqui o relato em fotos das caminhadas que fizemos:








Para falar da noite de Brugge, conto aos senhores os bares que fomos e as cervejas que tomamos (éééé, afinal estamos na Bélgica, terra da cerveja):

- qualquer restaurante turístico com mesas na calçada vai ter um delicioso "moules & frites" o qual eu comi dois dias seguidos, devidamente acompanhado por Brugse Zot (uma cerveja de fabricação local);



- 't Brugs Beertje (Kemelstraat 5): lindo pub onde tomamos cerveja "vintage" e pão com patê;



 - Cambrinus (Philipstockstraat 19): famoso bar cujo cardápio de cervejas é o maior que eu já vi; aí tomamos Delirium Tremens e Urthel;





- De Garre (De Garre, 1): pub De Garre, na rua De Garre, que fabrica a cerveja com nome... De Garre; é difícil de achar, mas procure para ter uma ótima recompensa no final; aí tomamos a cerveja deles, óficórsi, e comemos mais pão com patê!





- Café Vlissinghe (Blekersstraat 2): café do ano de 1515, conhecido como a taverna mais antiga de Brugge; aí fomos novamente de Brugse Zot e Vieux Temps;





 
- quando pensava em ir para o hotel,  Marcelo inventou uma saideira no Lokkedize (Korte Vulderstraat 33), bistrozinho onde costuma ter shows de jazz, mas que já estava fechando as portas; 



Impressões Bruggianas:


- vale à pena visitar, mesmo que seja meio contra-mão, e tem que dormir, nem que seja uma noite;
- Os belgas, pelo menos os de Brugge, são atenciosos e não são cara feia, mas também não ficam rindo à toa;
- Há mais de 700 cervejas belgas (segundo eles). Só no Cambrinus a carta tinha 400 (também segundo eles que eu não contei, né);
- A língua na Bélgica é o neerlandes ou o flamengo, mas esta última não pode ser escrita, somente falada (!);
- Os primeiros habitantes da cidade foram os flamandes e a região tem o nome de Flandres;
- Brugge tem 120.000 habitantes, 2 cinemas e uma cinemateca (!!). Nos cinemas estavam em cartaz The Tree, filme francês com a Charlotte Gainsbourg, e Tio Boomne, último filme do Apichatpong Weerasethakul; na cinemateca ía ter um curso de cinema americano ("de Griffith a Allen") e cinema europeu ("de Lang a Akerman"). Impressionante!!!