domingo, 11 de setembro de 2011

santiago (setembro/2011)

Conhecer Santiago é dar o pontapé inicial para ter vontade de conhecer um país com um dos mapas mais curiosos do mundo (será que tem algum país com um mapa mais interessante que o do Chile?)



O Chile tem cerca de 4300 km de comprimento e sua largura varia de 450 a míseros 80 km. Isso dá aos seus habitantes a vantagem de chegar com rapidez ao mar e à montanha, além de prover o país com uma diversidade impressionante de formas naturais que são, além do mar e montanha já citados, os lagos, os desertos, vulcões e a cidade grande, que tem sua expressão em Santiago.

Santiago tem quase 7 milhões de habitantes que são capazes de dar uma aula de civilidade e educação a muitos moradores de outros países da América do Sul, incluindo nós habitantes deste imenso e caótico Brasil. A cidade é limpa, ampla, organizada e seus moradores são muito gentis.


Essa viagem foi um pouco diferente das minhas anteriores, pois desta vez fui com a família. Sendo assim, tive transfer de chegada e saída, citytour, visitei lugares bem turísticos, andei muito de taxi e pouco à pé. Aliás, taxi em viagem é motivo de um post à parte porque mesmo escolada com os golpes que eles costumam dar, já caí em vários deles e em Santiago teve um que nos roubou descaradamente. Mas, a maioria dos taxistas santiaguinos não nos enrolaram e foram bem educados. Mais ainda, taxi é bem barato se você está em grupo.


Ficamos no Hotel Orly, o qual recomendo imensamente devido à localização, limpeza, facilidade para transportes e, especialmente pela gentileza do seu staff. O bairro do hotel, Providência, é estrategicamente localizado entre o Centro e os bairros mais, digamos, chiques, que são Las Condes e Vitacura. Na verdade, Santiago não é dividida em bairros e sim em comunas que são totalmente autônomas, cada uma com sua Prefeitura própria.

A primeira impressão sobre Santiago não foi das melhores. O aeroporto lotado de brasileiros, com fila imensa para imigração, espera de 40 minutos pelas malas, fila imensa para passar malas no Raio-X, tudo isso me fez pensar que a cidade não tinha estrutura boa de serviços. O nosso guia e condutor da van, Patricio (que por sinal é uma ótima recomendação para quem vai e quer fazer citytrour e passeios em grupo),  nos levou do aeroporto par a o Centro passando por um local que era bem feio (há caminhos melhores) e quando deixamos as coisas no hotel fomos ao Mercado Central no dia que, tenho certeza, é o menos recomendado para ir, o domingo. Um caos de gente, sem condições de bom atendimento e de um pouco de paz. Assim, a chegada em Santiago desanimou um pouco.

Por outro lado, tivemos sorte de ter um dia com pouca poluição (Santiago fica em um vale e é muito poluída; quando chove o nível de poluição diminui e havia chovido na madrugada do dia em que chegamos) e ver a Cordilheira dos Andes ali tão claramente é impactante. O impacto já começa da janela do avião. Os 20 minutos finais do vôo entre São Paulo e Santiago são por cima da Cordilheira. Ver aquela coisa magnânima tão de perto é ao mesmo tempo amendrontador e emocionante.

Avião aproximando-se da Cordilheira

Sobrevoando a Cordilheira dos Andes

Santiago e a Cordilheira ao fundo

Cerro Santa Lucía

No mesmo dia à noite e à partir do dia seguinte, quando fizemos o city tour, a idéia inicial de que Santiago não era legal foi-se. A cidade é bem estruturada, organizada e tudo parece funcionar bem. Obviamente que com 7 milhões de habitantes e facilidade para comprar carros (eles não têm indústria automotiva e os carros são importados com impostos baixíssimos, dando à cidade uma frota muito nova e uma infinidade de modelos que nem chegam aqui no Brasil), faz com que a hora do rush (que eles chamam de a hora do "taco") seja um pouco complicada. O metrô é limpo, rápido e com cinco linhas, 101 estações e uma extensão de mais de 90 km dá uma cobertura bem melhor à cidade do que a do metrô de São Paulo (que vergonha...).

No city tour passamos pela Plaza de Armas (onde estão a Catedral, o Correios Central, o Museu Histórico Nacional e a Municipalidad de Santiago), pelo Palazio de La Moneda, pelo Bairro Republica, que é formado por uma sucessão de universidades localizadas em prédios tombados pelo Patrimônio, subimos no Cerro San Cristóbal e no Cerro Santa Lucía e terminamos com um almoço em Las Condes, na região do Borde Rio, que é um lindo lugar.


 Como senti falta de ver as coisas de perto e não sob o ponto de vista da janela de uma van, após o city tour fui andar um pouco pelo Centro e conheci o Quarteirão Paris-Londres, que é um lugar muito charmoso, além de caminhar um pouco pelas avenidas principais do Centro: Paseo Ahumada e Alameda.

Quarteirão Paris-Londres

Entrada do Cerro Santa Lucía

Centro Cultural Gabriela Mistral

Os Bairros Bellavista e Lastarria são bairros próxmos ao Centro que têm vários restaurantes, bares e lojinhas. Vale à pena percorrê-los à pé. No Bairro Bellavista está La Chascona, que é uma das 3 casas de Pablo Neruda (as outras estão em Valparaiso e em Isla Negra). A visita a La Chascona só é feita com guia em horários regulares. É uma visita imperdível, não só pela arquitetura e beleza desta estranha casa, como para saber um pouco da história deste incrível personagem cuja história está intimamente ligada à história do país.

Barrio Bellavista


Neruda
O último lugar visitado foi o Pueblito Los Dominicos. Este local, aos pés da Cordilheira dos Andes, era outrora um lugar de estábulos e bodegas. Pela localização privilegiada e tranquila atraiu alguns artesãos que decidiram ir aí viver e com o passar do tempo o local tornou-se um centro de artesanato que ao mesmo tempo é uma réplica do antigo povoado.


Onde comemos em Santiago:

- Restaurante Donde Augusto no Mercado central - é o restaurante mais turistão do mercado; a comida estava boa, com peixe da mais alta qualidade, no entento, quando eu voltar a Santiago fugirei do mercado no domingo e fugirei do Donde Augusto, indo me esconder num restaurantinho menor e menos pega-turista.

- Mosaicafe - fica no Patio Bellavista, um conglomerado de restaurantes e bares no bairro de mesmo nome. Havia muitas outras opções interesantes, mas em Santiago não se aceita crianças em lugares onde se pode fumar e como no Mosaicafe havia espaço para não fumantes, fomos aceitos e gostamos do local.

- Le Due Torri - está também num conglomerado de restaurantes que se chama Borde Rio. O lugar é lindo. O restaurante é excelente e recomendável, mas com apenas dois dias e meio na cidade eu preferiria um restaurante chileno a um restaurante italiano.

Borde Rio

- Como Água Para Chocolate - fica no bairro Bellavista e é muito bem recomendado nos guias, dos quais eu discordo plenamente. Pedi um carne que estava bem difícil para cortar (os pratos das outras pessoas estavam bem saborosos), o atendimento deixou a desejar, os copos estavam sujos e o mais sujo de tudo era o banheiro... sem condições. Never more!

- Aqui Esta Coco - é um dos restaurantes top de Santiago e faz juz ao seu posto. Atendimento excelente, local aconchegante com decoração sui-generis, pratos excelentes e sobremesas de babar. Altamente recomendável! O restaurante é caro, mas é pelo menos duas vezes e maia mais barato que um restaurante top de São Paulo.



Impressões Santiaguinas:

- por mais que seus olhos queiram mudar de direção eles vão sempre olhar a Cordilheira que rodeia a cidade e é magnífica;
- com a quantidade de carros novos e a facilidade para comprá-los, daqui a 5 anos o trânsito vai estar bem parecido com o de São Paulo;
- se Buenos Aires continuar suja como está os brasileiros vão abandonar os portenhos e mudarem o destino de suas viagens prediletas pela América do Sul;
- a gentileza dos funcionários do hotel foi tamanha que ao saberem que não tínhmoas conseguido trocar Reais por Pesos na nossa chegada, já que era domingo, o recepcionista nos emprestou 20000 Pesos para que tomássemos um taxi de ida e volta até o lugar onde iríamos almoçar!!!
- depois de eu ter falado tão bem de Santiago vem a pergunta inevitável: Santiago ou Buenos Aires? Resposta: com toda sujeirada e povo com cara de quem comeu e não gostou, Buenos Aires tem um charme que Santiago nunca terá.