quinta-feira, 10 de março de 2016

Montpellier

Promoção de passagem aérea de Madrid para Marseille. Para onde poderíamos ir aí perto, já que Marseille conhecemos não faz tanto tempo assim? Resposta: Montpellier!

Devido aos frequentes ataques de piratas na cidade vizinha de Magalone fez-se necessário criar um assentamento de terra mais interiorano que livrasse o povo dos referidos ataques, assim foi fundada, no século VIII, a cidade de Montpellier.
Até o século XIV a cidade era a capital do Senhorio de Montpellier e mesmo nesse período fez parte do reino de Aragón (Espanha), até ser vendida ao reino da França.

Durante a Reforma Protestante, Montpellier, que tinha maioria de habitantes com tal religião, fez resistência à França católica, cedendo aos ideais do país ao final de 20 meses de ocupação, na primeira metade do século XVII.

Atualmente Montpellier é a oitava cidade francesa em população, boa parte dela composta por argelinos que imigraram na década de 60, após a independência do seu país.



Como tínhamos 3 horas entre a chegada do voo em Marseille e a saída do trem para Montpellier fomos até o Port-Vieux de Marseille que estava em reforma no ano que conhecemos a cidade.

E aproveitamos para ir matar as saudades do Bar Unic (foi eleito o melhor bar de Marseille para nós na época da viagem a esta cidade e continua sendo um lugar muuuito legal).

estação de trem de Marseille

Port-Vieux



Em Montpellier ficamos num quartinho super confortável no apartamento da simpaticíssima Mareva (alugado pelo Airbnb). O apê fica a passos da estação de trem e da praça principal da cidade, a Place de La Comédie, onde estão a Opera, cinemas, cafés com terraços e a bela fonte des Trois Grâces.

da janela do nosso quarto

vista da janela da sala (apartamento de Mareva)
Place de La Comédie



Choveu muito enquanto lá estivemos e não era fácil caminhar com os pés molhados numa temperatura de 10 graus e o vento característico da região. Assim, na maior parte do tempo nos perdemos pelas ruas do "Ecusson", centro histórico de Montpellier, ou paramos em algum bar restaurante para tomar vinho e comer alguma coisa.

Era "parapluie" pra todo lado.





No segundo dia a chuva deu uma trégua e fomos meio que rápido, sem entrar em nada (até porque muitos dos lugares entráveis e visitáveis estavam fechados), pelo menos para conhecer.

Arc de Triomphe


Place des Martyrs de la Résistance
Aqueduto

Fomos ao Les Halles Castellanes, o mercado de Montpellier, e, indo na contramão do meu ranking de azeitonas que até então considerava a azeitona espanhola insuperável, comi uma das melhores azeitonas da vida. Azeitona é amor!!!



Fomos também ao Antigone, bairro que começou a ser contruído na década de 80 sobre um terreno militar com intuito de urbanizar a área e de ligar o Rio Lez ao Ecusson. O bairro tem seu estilo inspirado na Grécia antiga.
Não gostei do que vi. Achei "fake" e está mal cuidado, visto a pedra bege, que é matéria prima para quase todas as edificações, ser facilmente impregnada com poluição e sujeira.




Também deu para fazer um bate e volta e ver o mar :)
Fomos até Sète, cidade mediterrânea que fica a 20 minutos e 6 euros de trem de Montpellier.




Em Sète a frustação da coquille Saint-Jacques: na noit anterior, com a chuva em Montpellier, fomos jantar no restaurante Endroit e pedi um risoto de Saint-Jacques. O risoto estava deliciosos, mas, porém, contudo, entretanto, todavia, no risoto havia APENAS UMA (!!!!) Saint-Jacques, que eu comi revirando os olhos e mastigando em camera lenta cada pedacinho porque estava deliciosamente perfeita, mas era somente UMA!!!!

Assim:


Então, indo a Sète, cidade beira-mar, me parecia óbvio que haveria Saint-Jacques. Sentamos no último restaurante que ainda aceitava clientes para o almoço pois já eram 14:30 (início da hora do almoço na Espanha e fim do mesmo na França) e escolhi Saint-Jacques como um dos pratos do menu do dia. Quando, já babando, falei para o moço que atendia o que escolhi ele me avisa que não tinha mais Saint-Jacques. Quase desmaiei! Um dia me vingarei e comerei várias Saint-Jacques em Sète.



Impressões Montpellierenses:

- amei a cidade e fiquei com vontade de voltar outras vezes

- é uma cidade super jovem, viva, cheia de gente nas ruas, com bares e restaurantes que funcionam até tarde

- não é muito cara (o padrão é França, que por si é cara, mas Montpellier é bem pagável)

- dá pra voltar e fazer vários bate e volta pela região


- quero estar ainda viajando e me sentindo muito bem quando tiver a idade desses dois Montpellierenses:


Toledo

Toledo, capital da província de Castilla-La Mancha e também antiga sede da corte real espanhola, é conhecida como Cidade das Três Culturas, por ter abrigado durante séculos cristãos, muçulmanos e judeus.


Toledo está a mais ou menos 80 km ao sul de Madrid e é, portanto, um dos principais bate e volta feitos por quem está de passagem pela capital espanhola. Foi assim que conheci Toledo, em 2010, saindo de Madrid com o trem AVE que chega em Toledo em menos de 30 minutos.
Fazer bate e volta sempre me deixa com um gostinho de ver a noite das cidades que visito. Ver suas luzes e como se transformam de cidades cheias de turistas em cidades habitadas por seus locais.

E foi com esse intuito, de ver a cidade à noite, que já morando em Madrid fomos a Toledo em fevereiro/2016.

Ficamos no gracioso Hotel Santa Isabel, que tem uma localização maravilhosa. O hotel fica num prédio bem ao estilo toledano, com um pátio interno, e ainda tem uma varanda no quarto e um terraço com a vista da última foto abaixo e da foto do começo do post (ficamos no terraço do hotel na hora do por do sol e super recomendo, apesar do frio que fazia valeu a pena).




Estar em Toledo é mergulhar na história da Espanha como um todo. Estão lá monumentos que representam a sua fundação pelo Império Romano, o período Visigodo, a conquista da Península Ibérica pelos mouros e a retomada católica.
Suas igrejas, sinagogas e mesquitas contam um pouco de tudo isso.


Ir desde Madrid a Toledo custa 22 Euros em trem e a metade do preço em ônibus; meia hora em trem e o dobro do tempo em ônibus. Aí é só decidir.
A cidade tem muitas ladeiras, então é bom estar vestido, e sobretudo calçado, confortavelmente para explorá-la sem problemas maiores. Logo na chegada, desde a estação de trem, já começam as subidas, mas tem uma surpresinha, escadas rolantes já te deixam quase na Praça Zocodover, a praça onde está a prefeitura e uma das praças mais importantes da cidade.






O ideal para explorar a cidade é ir numa Oficina de Turismo, pegar um mapa e traçar um roteiro do que mais interessa, porque são muuuitas coisas para ver em Toledo. E quase tudo é pago, portanto, é melhor ter um planejamento antes de começar a bater perna.
O fato é que a cidade é bela e quem não tem grana para entrar nos pontos principais pode simplesmente flanar que já vai ser maravilha.
Para quem vai com grana contada, como fui, recomendo ir em pelo menos um monumento que conte a história das três religiões: a Catedral, a Sinagoga Del Transito (que também abriga o Museu Sefardí) ou a Sinagoga Santa María La Blanca, a Mesquita Del Cristo de La Luz.

A Catedral conheci em 2010 e não voltei a entrar desta vez, visto ter reservado o dindi para outras coisas (custa 11 euros a entrada). Mas é algo impressionante a catedral de Toledo. Não tenho fotos da época que fui, deixo aqui as fotos de fora da catedral para dar uma ideia da dimensão e beleza.






Entre as duas principais sinagogas escolhemos conhecer a Santa María La Banca. Por que? Porque era mais barata, rá. Antes de adentrar no local andamos bastante pelo bairro judeu.







A Mesquita Del Cristo de La Luz foi ago que me impressionou. Pequena em tamanho, mas grande em história. Foi contruída por volta do século X como mesquita, sendo transformada em templo cristão na época da Reconquista. Toda essa mescla de história e religião é fascinante e não deixa de ser intrigante ver a gravura  e a imagem de um Cristo nas paredes de uma mesquita!






Fomos também desta vez conhecer o quadro do pintor el Grecco, intitulado El Entierro del Señor de Orgaz, que se encontra na Paróquia de Santo Tomé. El Grecco (Doménikos Theotokópoulos) nascido na Grécia, viveu e morreu em Toledo. Não conhecemos o museu que leva o seu nome, fica para uma próxima.

  
FOTO RETIRADA DA WIKIPEDIA


E por fim, conhecemos o imenso Alcázar de Toledo, atual sede do Museu do Exército, que pelo tamanho e quantidade de objetos de guerra expostos pode levar dias ou várias visitas para ser explorado. Ali está parte da história das guerras religiosas, da colonização e da guerra civil espanholas. Impressiona, mas não me anima de modo algum.
O Alcázar é o enorme prédio quadrado que se encontra na parte mais alta de Toledo e que pode ser visto de praticamente qualquer ponto da cidade, tamanha é sua imensidão.
Dica: o museu é grátis aos domingos. Há fila, mas pequena, e lá dentro é tão imenso que não há tumulto.
No Alcázar há um sítio arqueológico descoberto em 1999 por ocasião de escavações. Este sítio arqueológico alberga vestígios desde as épocas romana e visigoda.





Onde comer em Toledo? Estando próxima a Madrid imaginava que a cidade tivesse uma oferta de lugares parecida com a que tem a capital. Mas nada...
Encontrei lugares desinteressantes, caros e muitos deles "pijos"(expressão espanhola pra designar um lugar ou pessoa cheio de frescura).

A única dica que deixo é o Mercado San Agustín, que apesar de "pijo" me pareceu uma boa opção dentro do que Toledo oferecia.