A capital da Polônia tem atualmente cerca de 2 milhões de habitantes, mas já teve sua população reduzida a rastros na Segunda Guerra Mundial.
É impressionante pensar que uma cidade ficou 85% destruída com a Guerra e que de uma população à época de cerca de 1milhão e 300 mil habitantes reduziu-se a pouco mais de 400 mil ao final do conflito.
Fizemos a visita a Varsóvia de modo bastante entrecortado, pois tivemos 1 dia e meio na chegada, seguimos para Gdansk por dois dias, voltamos para Varsóvia por mais um dia, seguimos para Cracóvia por 3 dias e ao final, mais um dia em Varsóvia antes de voltar para Madrid.
Mas esse tempo foi suficiente para conhecer bastante da cidade.
Logo na chegada fomos para a região mais turística, a Stare Miasto (cidade antiga). É aí onde ficam o Castelo Real e a Rynek Starego Miasta (praça da cidade antiga). Obviamente na época atual lotada de restaurantes, lojas de souvenirs, lojinhas de artesanato local e bla bla bla.
Mas a cidade antiga estava assim ao final da guerra:

Ficando assim após a sua reconstrução:

Saindo da Stare Miasto tem início uma rua muito charmosa de Varsóvia (também cheia de restaurantes turísticos e lojinhas e todo o bla bla bla das áreas turísticas), a Nowy Świat. Esta rua, que na verdade começa com o nome de Krakowskie Przedmieście e só depois muda para Nowy Świat, começa no Castelo Real e vai até o Palácio de Wilanów. Recebe o nome de Rotal Real porque era o caminho que os reis poloneses percorriam para ir de um palácio ao outro. No seu trajeto é possível ver igrejas, o museu Chopin, o palácio do governo e a antiga sede do governo soviético (a "Casa do Partido"), prédio este que, após a queda comunista, ironicamente virou a Bolsa de Valores de Varsóvia e atualmente é um Centro Bancário e Financeiro (reza a lenda que há passagens subterrâneas levando esse edifício a vários locais da cidade que eram sedes do governo soviético, além de uma plataforma secreta que dava diretamente na estação de trens).
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início da Nowy Świat |
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Nowy Świat |
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antiga Casa do Partido |
Mas o que achei mais interessante na Nowy Świat (e isso está em pelo menos toda a parte central de Varsóvia) foi entrar nos jardins internos que existe em cada prédio.
Ponho aqui uma foto aérea do googlemaps para que se possa ter uma visão do que digo.
Em cada porta de prédio existe dentro um jardim. Isso deixa as áreas residenciais mais agradáveis de se viver e nas ruas mais comercias sempre há algumas surpresas lá dentro, como cafés, bares e restaurantes, que na maioria das vezes são mais atrativos do que os que dão para a rua, que terminam sendo mais turísticos.
Ao lado da Stare Miasto estão o Barbican (muralhas antigas da cidade) e a Nowe Miasto (cidade "nova", que data do século XIII).
Barbican:
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Barbican (essa foto não é minha, roubei da internet) |
Nowe Miasto:
Mas o que mais me atraiu em Varsóvia não foi essa coisa bonitinha dos telhados vermelhos e verdes reconstruídos e todos fofos atualmente. O que mais me atraiu foi saber que meus pés estavam andando por ruas que foram devastadas, pensando na bravura de um povo que se lançou de cabeça no Levante de Varsóvia e saber que aquela cidade foi reconstruída há menos de 70 anos.
Além disso, me atraiu ver de perto os resquícios da dominação soviética que com sua ideologia impregnou a arquitetura local, que diga-se de passagem, era de um extremo mal gosto.
O grande marco da arquitetura soviética em Varsóvia é o monstrengo que fica bem ao centro da cidade, chamado Palácio da Cultura e das Ciências (Pałacu Kultury i Nauki). Este edifício, que já teve o nome de Palácio Josef Stalin, foi construído nos idos da década de 50 e foi um "presente do povo soviético para o povo polonês". Atualmente, o lugar abriga um cinema multiplex, teatros, bibliotecas e universidades. Tem um mirador onde não subimos.
O palácio divide opiniões, pois deixa no país a memória da presença de Stalin e do que essa criatura foi capaz de fazer durante os anos de dominação do seu governo, mas ao mesmo tempo muita gente não consegue negar a sua beleza e imponência.
Duas construções exatamente em frente uma à outra mostrando o contraste entre um passado sombrio e nada distante e um presente ainda muito jovem:
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O Palácio à noite |
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Vista da janela do nosso apartamento |
Durante guerra, os
nazistas mandaram os judeus poloneses para o gueto. Essas pessoas foram confinadas a um espaço ínfimo e com poucas condições de higiene. Quase 400.000 judeus poloneses foram transferidos para uma área que correspondia a mais ou menos 2% do
território da cidade de Varsóvia.
Essas pessoas, ao perceberem que seu fim seria inevitável decidem lutar (com enorme e evidente desigualdade) contra o exército alemão.
Inspirados pelos judeus, o restante da população polonesa decide, então, insurgir-se também contra os nazistas. Um sentimento de nacionalismo e ingênua animação toma conta das ruas de Varsóvia nos dias que antecedem o Levante. A União Soviética, que estava a alguns km de Varsóvia parecia ser seu aliado nesse momento, porém, o exército de Stalin, fica à espreita e só entra na cidade depois que os alemães desmantelam a tentativa de luta dos poloneses.
Após a cidade virar escombros (Varsóvia teve uma destruição de 85% do seu patrimônio físico), o exército vermelho aí sim adentra e paga de salvador da pátria.
A história das próximas décadas todo mundo já sabe, a Polônia e vários outros países do Leste caíram nas mãos do sangrento e opressor regime Comunista.
O Museu do Levante conta essa história e é visita obrigatória. Contudo, confesso que não gostei do lugar. Achei muita enrolação para contar o episódio. Há muita coisa enfeitando a situação, a começar pelos sons de tiros e bombas que permeiam a visita (para que????).
A única coisa que realmente fez valer o ingresso são três filmes exibidos em tela grande, documentando a vida cotidiana durante os 63 dias da revolta de Varsóvia. Tais imagens sobreviveram à guerra e foram encontradas de forma solta, sendo posteriormente montadas num precioso trabalho. Faz-se importante salientar aqui a coragem e determinação dos cameramen que estavam no frontline todo o tempo e cujas imagens serviram de noticiário para serem mostrados no Palladium Cinema à época da revolta, quando ainda os poloneses tinham algum acesso ao cinema (visto que este logo passou a ser controlado pelos alemães).
Além desses três pequenos e preciosos documentários existe também no museu um trabalho cinematográfico de colorização de imagens da época do Levante, associado a um trabalho de leitura labial e som. Isso tudo gerou um filme que documentará eternamente o que ocorreu lá. O Museu também conseguiu identificar muitos dos rostos presentes nas imagens, estando ainda em eu site um link convidando as pessoas a identificar os rostos que eles não conseguiram.
Vamos agora falar de coisas boas?
O que e onde comi em Varsóvia?
Fácil responder. Porque comi durante quatro dias a mesma coisa no mesmo lugar. Pierogi do Zapiecek.
(Zapiecek no tripadvisor)
(Zapiecek no tripadvisor)
Pierogi é um tipo de pastelzinho com recheios diversos, que pode ser cozido ou frito e pode vir acompanhado de algum molho ou passado, por exemplo, na manteiga com bacon.
Amo!
Ok, o Zapiecek é um restaurante de rede e super turistão, mas eu amei, o pierogi de lá é ótimo e os preços, principalmente para quem viajou com orçamento apertado, são bem convidativos.
E as cervejas locais?
Ok também, a Polônia é famosa pelas inúmeras cervejas que produz e por ter vários lugares onde pode-se beber cervejas artesanais, mas a que mais amei foi a tradicional e popular Tiskie.
Vinhos? Não tomei, custam o triplo da cerveja e já falei que o orçamento era apertado. O único vinho que tomei nos dez dias de viagem era da República Tcheca (tomei numa feira de rua) e não era lá essas coisas.