domingo, 11 de novembro de 2012

Alguns bate e volta na Provence

Como já comentei num post anterior, nossa viagem pela Provence não foi feita de carro, que é talvez o melhor e mais flexível meio de transporte para andar pela região.

A escolha pelo trem ou ônibus foi principalmente pelo preço, já que alugar um carro a dois fica bem mais caro.

Assim, decidimos visitar Avignon e St Remy de Provence, partindo de Arles, pois nosso hotel era do lado da estação, o que facilitava a ida e mais ainda a chegada depois do cansaço de bater perna o dia inteiro.

Para se ter uma idéia de valores:

* Trem Arles - Avignon: 7.00 Euros com viagem durando 20 minutos
* Ônibus Arles - St Remy: 2.00 Euros (!) com viagem durando 50 minutos
* Alguel do carro mais simples: cerca de 100 dólares a diária

Deu para entender??

Nosso primeiro bate e volta foi para Avignon, que é conhecida pelo monumental Palácio dos Papas, maior construção gótica da Europa, e pela história da mudança da sede da Igreja de Roma para a França. 

No século XIV, após inúmeros confrontos pelo poder entre o líder da Igreja e o líder da Monarquia francesa, a residência do Papa foi transferida de Roma para terrenos que já pertenciam à Igreja em Avignon, e aí permaneceu por quase 70 anos. Este período, onde 7 papas franceses sucessivamente ocuparam o cargo principal da Igreja, caracterizou-se por um grande aumento da riqueza papal, pois cada papa que vinha a ocupar o cargo máximo no castelo tratava de orná-lo com objetos de arte prá lá e afrescos prá cá, transformando o castelo num local da mais pura ostentação, o que serviu para que, mais tarde, após a volta dos pontífices para Roma, tudo fosse saqueado.
Interessante saber que no final dessa briga aí, já no fim do século XIV, chegou-se a ter um papa em Roma e outro em Avignon (período conhecido como o Cisma do Ocidente), até que as Vossas Santidades decidiram viver em Roma, pelo menos até os dias de hoje.

Atualmente o Castelo dos Papas, juntamente com a Ponte de Avignon, outro ícone da cidade, são patrimônios da Unesco.

castelo dos papas
ponte de avignon
Nem preciso dizer que pasear por Avignon não é somente ver Papas e Pontes. Andamos a cidade inteira, vimos mercados fechados (Les Halles de Avignon), mercados de pulgas, igrejas, praças e ruas com ares medievais. Tomamos o melhor sorvete de chocolate com laranja da vida e vimos um cineminha lindo, com programação bem decente e eclética (vergonha alheia para certas cidades brasileiras beeem maiores que Avignon; meus amigos sergipanos sabem do que estou falando).

olha o cineminha aí
bilheteria e escada que leva à sala de projeção

les halles de avignon








St Remy de Provence foi a outra cidade para a qual fizemos um bate e volta desde Arles. Quando chegamos a cidade estava em plena comemoração da festa do touro e para minha sorte os touros que estavam soltos pela cidade dando chifradas ao léu já estava sendo recolhidos para serem levados nem sei para onde, coitados!
A primeira impressão então não foi das melhores. Mas era um engano terrível. St Remy é calma, pequenina, linda e agradável; super vale a visita.

Na pracinha principal da cidade está logo um retrato de um dos seus ilustres moradores temporários: Van Gogh viveu por um ano num asilo próximo a St Remy, o St-Paul Asylum.

praça central


Neste período em que ficou internado, Van Gogh pintou cerca de 100 quadros inspirados nos pacientes do asilo, nos jardins e nos arredores do mesmo, onde havia campo de trigos, oliveiras e videiras. Foi nesta época que Van Gogh começou a mudar seu estilo passando a usar pinceladas espiraladas e a abusar das cores primárias, sobretudo o amarelo, e foi no ano de 1889, ainda quando estava no asilo em St Remy, que o pintor criou um dos seus mais emblemáticos quadros, o belíssimo A Noite Estrelada.

a noite estrelada - van gogh 1889

Mas não só de Van Gogh vive St Remy... foi aí que nasceu Michel de Nostredame, conhecido por nós como Nostradamus (latinização do seu nome). O homem estudou nas universidades de Avignon e Montpellier, foi farmacêutico e médico com tendências alquimistas, e claro, escreveu vários livros onde descrevia suas capacidades de vidência. Né fraco, não!

casa de nostradamus


St Remy também tem uma linda praça onde comemos essa maravilhosa "planche de charcuterie et fromage"

além dos básicos: pracinhas, lojinhas, fontes, ruas estreitas, só que tudo muito calmo, limpo e com essas janelinhas coloridas. Fofa essa St Remy!




Por fim, ficou um motivo para voltar a St Remy. Este restaurante estava fechado, fotografei por um buraquinho da janela. Um dia quero ir almoçar lá!!









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