quarta-feira, 2 de novembro de 2011

bordeaux / aquitaine / dordogne / país basco / madrid

Após ler uma das edições da Lonely Planet decidi que iria conhecer duas cidades sobre as quais nada, até então, eu tinha ouvido falar: Bayonne e Saint Emillion. A primeira é uma das principais cidades do País Basco Francês e a segunda fica numa região vinícola próxima a Bordeaux chamada de Aquitaine.

Procurando lugares próximos a estas cidades, completaram o roteiro de 14 dias a própria Bordeaux, Sarlat La Caneda, San Sebastian e Bilbao (estas duas já na Espanha), além de Madrid, que era local de conexão para o vôo da volta, cidade para a qual nunca acho demais retornar.

Faltava agora as companhias. Desta vez fomos em trio, eu e as minhas queridas amigas Michelle e Carla.


Bordeaux foi nossa primeira parada.
Capital da região da Aquitaine, localizada no Sudoeste francês, Bordeaux tem 1 milhão de habitantes e é famosa por ser uma das maiores produtoras de vinhos do mundo.
Seu belo centro histórico é patrimônio da humanidade pela Unesco.



A cidade foi uma boa surpresa para mim que pela primeira vez fiz uma viagem sem muitos compromissos de visitar lugares turísticos, visto que as cidades do roteiro eram mais para serem descobertas ao vivo do que planejadas previamente.
A esperava como sendo uma cidade meio "fru-fru", local de gente metida a conhecer sobre vinhos, com preços exorbitantes e habitantes excessivamente chiques. Sim, a cidade é cara (se comparada a outras cidades da Europa), há ruas repleta de lojas de grifes (na região do Triangle d’Or, em torno da Place des Grands-Hommes) e pessoas elegantes passeando por ali e por aqui além do que, com certeza, gente metida a entendedora da arte de beber vinho tem em Bordeaux um lugar de deleite. Mas a cidade, além de linda, é jovem, animada, acessível e muito agradável (entrou para minha lista de lugares para morar). Seus habitantes variam dos bem elegantes aos que sairam sem dar uma mínima olhadela no espelho. Há bairros com predomínio de imigrantes, o que dá um ar de alegria e um barulho vital à cidade.
Come-se muito bem aí e, lógico, bebe-se muito vinho, desde os mais simplórios aos "grand crus" da vida, para os quais você pode deixar todo o saldo do seu cartão de crédito e o da sua próxima geração.

Para não perder o costume da iconoclastia em viagens estive em Bordeaux e não visitei nenhuma vinícola, nenhum "chateaux", nenhum "vinyard". Havia coisas mais interessantes para fazer e sempre tive medo de o chateaux ser na verdade meio chatex.

Um primeiro passeio por Bordeaux deve ser direto para as margens do Rio Garonne. Aí estão a imponente Place de La Bourse e a linda Pont de Pierre.


Caminhando por toda a margem do rio é possível ver também a Esplanada de Quinconces e os antigos portais de entrada da cidade, a Porte Cailhau e a La Grosse Cloche.





Três igrejas do caminho de Santiago de Compostela inscritas no patrimônio mundial estão em Bordeaux: a Catedral de Saint André, a Igreja de Saint Seurin e a Igreja de Saint Michel. Na praça desta última, Place Meynard, há um ótimo mercado de pulgas. E aí próximo está a Place des Capucins onde encontra-se o principal mercado da cidade e onde tivemos o melhor e mais simpático jantar de Bordeaux (e porque não dizer o mais simpático e saboroso de toda a viagem).
Num local simples e muito escondido chamado Brasserie Les Halles, um dono muito gentil e atencioso se desdobra entre ser garçom, recebedor da conta, mâitre e quiçá amigo, trazendo para a mesa uma maravilhosa Croquille Saint Jacques com fetuccine.
São estas maravilhas da viagem que impregnam nossa memória...

Já que chegamos no bom da viagem, vamos sair dos pontos turísticos (ainda faltou eu falar do Jardim Public, do Grand Theatre, dos vestígios de um anfiteatro romano, além de outros) e ir ao melhor de Bordeaux: caminhar, descobrir cantinhos lindos e comer-beber-ver-gente.



A Place Camille Julien, para os íntimos Place "Caju", está cheia de bares e restaurantes e não só aí, mas nos seus arredores a noite é animada e saborosa. Na praça tivemos o prazer de ver o último Almodóvar, "La Piel Que Habito", em um cinema com ótima programação chamado Utopia, que ocupa hoje o lugar de uma antiga igreja e guarda no seu interior vestígios da mesma.

Fomos ao Bar Au Vin, que foi meu predileto na cidade e que é o bar da escola de vinhos de Bordeaux. O local, além de bonito e muitíssimo agradável, tem um ótimo preço, atendimento cordial e, obviamente, vinhos maravilhosos que podem ser acompanhados por mini tábuas (assietes) de queijos e frios. Deliciazinha da viagem!




Na Rue Parlement St Pierre, que está bem próxima à Place Camille Julien, há uma grande variedade de bares e restaurantes e uma noite verdadeiramente animada. Fomos ao inusitado La Comtesse que tem uma decoração over e um público barulhento para os padrões da cidade.




Para quem estiver a fim de fazer compras na cidade o local mais indicado é a Rue Sainte Catarine, que se auto intitula "mais longa rua de comércio da Europa". Achei a cidade tão tranquila todo o tempo e só fui me dar conta de que a mesma realmente deve ter o 1 milhão de habitantes que diz ter quando cheguei nesta rua. Como a achei muito muvucada para o meu gosto, prefiro eleger como rua de compras (apesar de que não comprei nada aí) a Rue des Trois Conils, que é uma rua no Centro, ao lado da Sainte Catarine, porém bem mais vazia que esta.

Como tivemos sorte com relação ao tempo nestes 15 dias de viagem!! Um céu azul praticamente sem nuvens nos acompanhou em quase todos os dias, entrecortado por raros dias de névoa matinal, que embelezava ainda mais a paisagem, e uns poucos momentos de céu nublado. E para completar, era época de lua cheia, o que nos proporcionou maravilhosos momentos de "dolce far niente" no fim de tarde nas margens do Rio Garonne.


Impressões Bordôlenses:
- achei a cidade tranquila, limpíssima, silenciosa, elegante e muito agradável;
- seu povo é mais simpático que o povo de Paris (quero esclarecer que não compactuo com a idéia de que o parisiense é chato, mal educado e grosso... nos dias em que estive em Paris fui muito bem tratada e não tenho do que reclamar... acho que talvez, pela grande quantidade de turistas e pela pressa que imprime uma marca na atitude das pessoas das grandes cidades, o parisiense seja mais curto - não grosso - e tenha pouca oportunidade para conversas... diferente dos habitantes de Bordeaux que sempre tentaram ir além do simplesmente atender bem);
- os vinhos não são nada baratos, exceto nos supermercados;

2 comentários:

  1. Que legal a primeira foto!!! Cidades à beira de rios são sempre encantadoras. Adorei!

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  2. Cidades à beira de rio em época de lua cheia são mais encantadoras ainda. Obrigada!

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