quinta-feira, 14 de maio de 2015

Cracóvia

Saindo de Gdansk, ficamos um dia em Varsóvia (em um apartamento que tinha essa vista do quarto):



De Varsóvia seguimos de trem para Cracóvia:


Cracóvia (Krakow em polonês) é a cidade mais visitada da Polônia e uma das mais visitadas da Europa. Declarada patrimônio da humanidade pela UNESCO em 1978, a bela cidade, que já foi capital da Polônia, alberga lugares incrivelmente belos, além de ter uma história rica em detalhes.

Reza a lenda que cidade surgiu na colina de Wawel, sobre uma caverna ocupada por um dragão muito bravo. Os cavaleiros da cidade tentavam em vão fazer com que o dito dragão saísse da caverna, porém o mesmo relutava em aceitar a intimação de despejo. Aí, um sapateiro muito valente chamado Dratewka, deu ao feroz e teimoso dragão uma ovelha cheia de enxofre (oi?). O dragão comeu a ovelha, e o enxofre lhe deu tanta sede que o pobre tomou toda a água do rio Vístula até que, para felicidade dos moradores da nova cidade, ele explodiu como uma bola de assopro.
Ao visitar a Colina de Wawel você também pode visitar a antiga caverna do dragão (sim, vi de longe e a verdade é que está lá), além disso, prepare-se para ver inúmeros souvenirs de dragões nas áreas turísticas da cidade. Se for viajar com criança duvido que você saia de lá sem comprar um dragão.

Colina de Wawel


Chegamos em Cracóvia pela estação central de trens (Krakow Glowny) e caminhando cerca de 500 m chegamos ao melhor Ibis Budget que já ficamos. Localização excelente, limpo, tranquilo, ótimo wifi, pessoal muito atencioso. Recomendo!


Daí foi só deixar as coisas e ir para a praça central. Ai, que decepção... Já tinha ouvido tanto falar da beleza da praça, mas ao chegar lá e ver aquela multidão e aquelas inúmeras barracas de souvenirs lembrei-me da praça do Duomo em Milão, que é bela, mas com aquela quantidade de gente não dá para ser feliz. Bem, era domingo, dei um desconto e já que estaríamos lá por três dias e certamente passaríamos pela praça outras vezes, fiz minha cabeça para vê-la com outros olhos mais tarde.

E sim, na segunda-feira, com menos da metade dos visitantes do dia anterior, pude apreciar melhor a Rynek Glówny (praça central), a beleza da suas igrejas e do Sukiennice (prédio renascentista que fica no meio da praça e que era local de comércio da próspera cidade de Cracóvia na antiguidade; hoje é cheio de barraquinhas de artesanato local).

Aí a poucos passos da praça central está o Collegium Maius, que é o mais antigo prédio da Uniwersytetu Jagiellońskiego, universidade do século XIV onde estudou ninguém menos que Nicolau Copérnico.


Durante as guerras a história de Cracóvia teve algo de diferente em relação à história de toda a Polônia.
Durante a Primeira Guerra Mundial e especialmente no ano de 1917, Cracóvia transformou-se na sede de um Quartel General Alemão, o que a levou a ser escolhida como sede do Governo da Alemanha Nazista dentro da Polônia na época da Segunda Guerra.
O castelo na Colina de Wawel tornou-se quartel general nazista e, após o confinamento dos judeus em guetos e envio de boa parte dos poloneses para campos de concentração, a Alemanha tomou conta da bela cidade de Cracóvia. Por conta de estar ocupada pelos alemães a esta época, boa parte do seu patrimônio histórico foi preservado, diferentemente do que aconteceu com outras cidades da Polônia, especialmente com a capital.

A cidade tem, além do velho Copérnico, outras personalidades famosas entre seus moradores.
Oskar Schindler, que era empresário e aliado dos alemães, instalou-se na cidade e adquiriu uma fábrica de utensílios de guerra. Começou seu empreendimento inicialmente explorando o trabalho dos judeus, cuja mão de obra conseguia ser ainda mais barata do que a dos poloneses não judeus, mas com o tempo conseguiu enxergar as atrocidades cometidas nos campos de concentração (especialmente no de Plasow) e resolveu salvar mais de 1000 judeus de irem para as câmeras de gás de Auschwitz, empregando-os na sua fábrica, que tornou-se um, digamos, campo de concentração diferenciado.
Roman Polanski foi um sobrevivente do gueto de Cracóvia. Francês filho de judeus poloneses, perdeu seus pais e vagou pelas ruas da cidade até recuperar-se do massacre sofrido.

O bairro judeu Kazimierz, onde antes da guerra viviam mais de 70000 judeus e onde hoje estima-se habitar cerca de 5000, é fácil de ser visitado com transporte público e fica fora do burburinho turístico do centro antigo de Cracóvia. Apesar de não ter a beleza arquitetônica do centro antigo, é um lugar carregado de história e para mim foi um prazer poder caminhar por suas ruas nitidamente mais descuidadas do que as da parte lindinha da cidade.




Cruzando o rio, e vizinho ao Kazimierz, está o bairro de Podgórze, também judeu, e com três lugares a serem visitados: a fábrica de Schindler, a Praça do Gueto, a Aptekę Pod Orłem (Apteke = Farmácia).

Praça do Gueto em Podgórze

A Fábrica de Schindler é hoje um museu que abriga a exposição intitulada "Cracóvia sob a ocupação nazista de 1939 a 1945".  A fábrica fica ao lado do museu de arte contemporânea de Cracóvia, o Mocak.
Lá estão documentadas a invasão e tomada da cidade, o surgimento do gueto de Podgórze, o processo de implantação da fábrica de Oskar Schindler e o que ele fez salvando os judeus do extermínio.

instalação a caminho do Mocak e Fábrica Schindler
A Farmácia (cujo nome traduzido seria algo como "Farmácia sob a Águia") fica na própria praça do Gueto. Era a única farmácia do gueta à época do confinamento e seu dono ajudava muito os judeus fornecendo-os medicamentos. O local servia também para encontros secretos e conspiratórios por parte dos judeus . O pequeno museu que existe hoje em dia no local foi em parte financiado por Polanski e Spielberg.


a farmácia durante a guerra




entrada do gueto

Mas o melhor de Cracóvia está a um nível um pouco abaixo das suas ruas, os bares de porão. A cidade está cheia deles e não tenho aqui como nomeá-los, visto que ao passar na rua e ver uma entrada em forma de arco com algum burburinho lá dentro entrávamos para tomar uma cerveja ou ao menos para conhecer o lugar.
São vários e são imperdíveis.


O que mais tomamos lá? As ótimas cervejas locais, Zywitec e Ksiazece, e a vodka que já vem misturada com suco de cranberry ou cereja (cuidado, é fácil de tomar, parece uma sobremesa, mas tem 40% de álcool, também conhecido como garantia de ressaca no dia seguinte).


Aliás, cranberry, bluberry, cerejas, tudo que é frutinha vermelha pequenina é especialidade dos poloneses. Elas estão nos doces de rua, nos bolos, nos biscoitos de supermercado, e como já disse, na bebida


número das casas no bairro judeu

Para terminar, deixo aqui duas dicas, uma de um restaurante e outra de um bar de porão onde há jam sessions de jazz.

Dica de restaurante:

Camelot (na rua Sw. Tomasza 17) - o local é excelente, a comida é ótima e o preço é honesto.
Camelot no tripadvisor 


Dica de bar de jazz:
Harris Piano Jazz Bar (na praça central, escondido porque é um bar de porão) - jam session de jazz das melhores; não paga entrada (http://harris.krakow.pl/en/)


E por fim deixo aqui a foto de um supermercado de cerveja tipicamente polonês (são vários que há nas cidades que visitamos):


2 comentários:

  1. Arquitetura linda, ruas de paralelepípedo, bar de jazz, supermercado de cerveja ... vou ter que ir buscar meu dragãozinho

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