segunda-feira, 25 de maio de 2015

Valência

Fomos de Madrid para Valência de trem no mês de abril/2015.

A viagem dura 1:40 h com trem rápido (AVE) e, comprando com antecedência, pode-se conseguir bilhetes de ida e volta por cerca de 55 Euros.


Valência é a capital da Comunidad Valenciana, uma das 17 comunidades autônomas da Espanha. Hoje tem cerca de 800.000 habitantes e é a terceira maior cidade da Espanha. Foi fundada em 138 a.C pelos romanos, ficou posteriormente sob domínio muçulmano (cuja influência cultural é vista até hoje), sendo reconquistada pelos cristãos no século XIII.

A língua falada em Valência, o valencià, segue uma polêmica quanto ao fato de ser ou não uma língua própria ou um dialeto derivado do catalão. Obviamente que a maioria dos locais a querem como língua própria, mas conversei com um estudioso de línguas nascido em Valência cuja opinião é de que a língua é um catalão modificado, ou poder-se-ía dizer, um dialeto; fiquei convencida da sua versão.

Ficamos numa pensão não muito recomendável que fica a uns 500 metros da estação de trem e daí caminhamos por todo o centro da cidade.

detalhes do teto e parede da estação de trem

estação de trem de Valência

Ficar no Centro Histórico e próximo à estação de trem é quase sempre garantia de estar num lugar perfeito para o deslocamento em qualquer cidade. Se você não tem muito tempo de pesquisar bons bairros para hospedar-se a minha dica é que escolha algo entre o centro e a estação de trem. A chance de equívoco é bem pequena.

O Centro Histórico de Valência chama-se Barrio El Carmen.
É aí onde estão as igrejas antigas, a bela Plaça de l'Ajuntament (praça da prefeitura) com seu entorno e a Catedral com seus mais de mil anos de história (como a Catedral de Madrid e várias outras igrejas do país, a catedral de Valência está no lugar do que antigamente foi uma mesquita, construída na época da invasão árabe).

Plaça de l'Ajuntament

Parede lateral da Iglesia Santa Catalina

praça ao fundo da catedral

No Barrio Del Carmen estão também o Palau del Marqués de Dos Águas, edifício barroco que alberga o Museu Nacional de Cerâmica, e a Plaza de la Reina, com prédios de bela arquiteura e vários restaurantes ao seu redor.

Aliás, a arquitetura e conservação dos prédios de Valência me impressionaram. A vontade era de andar pela cidade somente olhando para cima.




Ainda no centro é importante visitar a Plaça Redona, cujos prédios ao seu redor formam um "buraco" na paisagem da cidade. A lástima é que hoje ela esteja tomada por barraquinhas de souvenirs que impedem de ver a praça como realmente ela é. Mas o local sempre foi de comércio, ou seja, as barraquinhas não são novidades, creio que deveriam ser em menor quantidade antes ou que ficavam aí em algumas horas do dia quando os produtos eram comercializados e não permanentemente como agora.

plaça redona vista de cima, sem as barraquinhas (foto antiga)

La Llotja de Mercaders, edifício onde acontecia o comércio da cidade, é hoje Patrimônio Mundial da Humanidade, nomeado pela UNESCO, e é considerado um dos mais belos exemplos da arquitetura gótica da cidade. Sua construção foi iniciada em 1493, terminando em 1548 e o prédio mostra a evolução do comércio na Idade Média até os dias de grande prosperidade e desenvolvimento da burguesia valenciana.


«Lonja de la Seda de Valencia» foto de Emilio García from Parla, Spain

Falar em prosperidade e burguesia, a cidade me pareceu bem nariz empinado se comparada à capital  Madrid. A começar pelos preços que lá são um pouco mais salgados, passando pelas lojas, restaurantes e bares mais, digamos, chiques e estilo (argh) lounge.


Eu havia lido sobre o Mercado Central (Mercat Central) antes de ir. O local tem uma arquitetura fantástica e lá dentro você compra todas as maravilhas da culinária espanhola. Porém, para consumo aí dentro só existe um bar, muito legal por sinal, com serviço feito diretamente no balcão.





Mas andando pelas ruas tivemos a surpresa de nos bater com um outro mercado, também de arquitetura impressionante, de estilo modernista, inclusive lembrando as obras de Gaudí. Aí dentro há diversos locais de consumo, como bares restaurantes e locais estilo (argh) lounge. O preço não é que seja caro, mas nada a ver com os precinhos camaradas de Madrid... e seus frequentadores aparentemente gostam de lugares "seletos".




Duas iguarias devem ser provadas em Valência: a famosa paella valenciana, que não leva frutos do mar, e a horchata, deliciosa bebida feita de chufas (um tipo de noz) que em geral se toma acompanhada de um farton (uma espécie de pão doce).
Há diversas horchaterias espalhadas pela cidade.


Por fim, vou falar da Ciudad de las Arts y las Ciências, ambicioso projeto de Santiago Calatrava e Felix Candela, construído no antigo leito do rio Turia (este rio foi responsável por uma destruídora enchente em 1957, tendo posteriormente seu leito desviado para evitar maiores catástrofes) e que abriga os seguintes edifícios: L'Hemisferic (sala de projeção IMAX e planetário), Museo de Las Ciencias Príncipe Felipe, Umbracle (jardim com espécies autóctonas), Oceanográfic, Ágora (área onde acontecem congressos, convenções, exposições) e o Palacio de Las Artes Reina Sofia (teatro e ópera).

O conjunto arquitetônico é tão absurdamente impressionate que fomos duas vezes no mesmo dia. Ao chegar lá de dia pensei que não poderia deixar de vê-lo com as luzes acesas; e foi o que fizemos.

Fiquei ali imaginando o quento se gastou (e o quanto pode ter sido roubado e super faturado) para fazer uma obra tão megalomaníaca.

Fiquem com as fotos do local:

vista aérea do complexo (foto do wikipedia)


Ágora

L'Hemisferic com Palácio de Las Artes ao fundo

Museo de Las Ciencias
Quando fomos, o Palácio de Las Artes Reina Sofia estava em reforma e estava assim:

Podem imaginar o que estão fazendo nessas paredes? Colocando pastilhinha por pastilhinha branca. Sim, boa parte do complexo é feito de pastilhas. Dá para ver no detalhe aqui:

 


 Outra coisa que não pode faltar em Valência é um passeio pela beira do rio e suas pontes.



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