quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Copenhagen

A Escandinávia sempre esteve presente nos meus sonhos de viagem, porém distante do meu orçamento.
Tudo ficou mais possível quando vim morar em Madrid e a Ryanair decidiu por mim qual o primeiro dos quatro países a ser visitado (digo quatro porque incluo aí a Islândia, que nem sempre vejo considerado como país escandinavo e sim nórdico).
Toda a Escandinávia é muito cara para os mortais, então, uma passagem barata faz uma diferença enorme na hora de resolver onde colocar os seus pés primeiramente. O segundo passo é decidir alojamento. Os preços de hotel ou mesmo hostel com quartos coletivos beiram o surrealismo. Mas um quarto no aconchegante apartamento de Anne, no distrito de Christianshavn, alugado pelo Airbnb, fora a salvação e certo alívio no bolso.





E de onde vem o sonho de conhecer a Escandinávia?
Do ideal de civilização avançada com respeito ao próximo e aos direitos humanos que povoa o meu imaginário.
Da vontade de saber como sobreviver em terras geladas boa parte do ano.
Do desejo de estar lá na parte superior do mapa (sim, eu sonho com nortes, suls, oestes e lestes do mapa mundi).

Foram três dias batendo perna pela cidade. E três dias de sorte porque não choveu e a temperatura estava agradabilíssima.

As coisas práticas:

Comprar um bilhete de transporte de 72 horas logo ao chegar no aeroporto. É caro? É (combinemos assim, não é necessário fazer essa pergunta porque a resposta vai ser sempre "É" acrescida de um "Mas tudo é possível" ou "Mas há jeito para tudo"). 
Conhecer o sistema de transporte das cidades para mim faz parte do passeio e acho importante andar no metrô de Copenhagen, bem como pegar ônibus na cidade e o melhor, o barco-ônibus que cruza os canais mais largos está incluído no bilhete de 72 horas, então vale a pena, além do que nesse bilhete já inclui a chegada e saída do aeroporto para o centro. Aliás, dos lugares onde já estive, Copenhagen é a cidade grande onde mais fácil é o deslocamento do aeroporto para o centro.
Qual o preço do ticket? 200 Coroas Dinamarquesas (em novembro/2015 1 Euro = 7,2 coroas dinamarquesas) (a Dinamarca faz parte da União européia, porém não aderiu ao Euro, mantendo a Coroa Dinamarquesa como sua moeda).

Por onde andamos:
Comecemos pelo local onde ficamos hospedados, o bairro de Christianshavn, local tranquilo, bastante residencial, com cafés muito legais e uma bela igreja, a Vor Frelsers Kirke.




É também em Christianshavn que tem lugar a comunidade de Christiania.
Christiania foi fundada por um grupo de pessoas que em 1971 decidiu ocupar uma área militar abandonada em Copenhagen. A ideia era construir uma sociedade alternativa e autônoma, portanto livre das leis do Estado, onde todos pudessem conviver em harmonia, sem hierarquia, com decisões sendo tomadas em grupo através do consenso.
As drogas tinham lugar certo na "cidade-livre" de Christiania e, na década de 80 o aumento do seu consumo e constantes brigas com o establishment acirraram os ânimos no local.
Atualmente, apesar das de tais drogas não serem legalizadas na Dinamarca (e consequentemente, ainda que os "christianios" não queiram, também não são legalizadas em Christiania), você encontra várias barraquinhas vendendo maconha e haxixe na Pusher Street, principal rua da cidade livre. E obviamente, muita gente fumando nas diversas mesas ao ar livre que há em Christiania.
Há também em Christiania bares dos mais variados tipos, com música ao vivo, com mesas em salões e do lado de fora, bares "álcool free", além de barraquinhas de comida e artesanato.
E há sobretudo a vida cotidiana local: crianças indo e vindo, escolas, locais para reciclagem de lixo, locais para shows e uma imensa quantidade de área verde com um belo lago que rodeia toda a imensidão do lugar.
Fotos são terminantemente proibidas na Pusher Street. Apesar de ter visto gente fotografando em locais mais afastados da rua principal optei por seguir o que as placas pedem: NO PHOTOS. Na entrada da comunidade as fotos são bem vindas.

(a bandeira vermelha com três bolas amarelas é a bandeira de Christiania e há uma moeda local, apesar de que você pode usar a coroa dinamarquesa para pagar qualquer compra que faça por lá)

A minha impressão de Christiania foi a de um lugar meio que parado no tempo. Já ouvi relato de gente que foi abordada por locais para reforçar que não pode tirar fotos ou para que perguntassem qual a sua nacionalidade. Já ouvi relato de gente que achou o local deprimente, cheio de junkies e sem vida. Para mim nada disso serve como descrição do lugar. Além de me dar a sensação de ter parado no tempo, Christiania me pareceu uma grande controvérsia entre o proibido e o legal. A ideia é que o consumo de "drogas leves" seja permitido, no entanto é facílimo descobrir quem são os vendedores que estão por ali sempre encapuzados e vestidos de preto dos pés à cabeça. Difícil pensar que não há um acordo entre polícia e vendedores para que a paz seja mantida. Tem também uma galera meio "zumbi" andando por ali (o consumo claramente não é somente de marijuana e haxixe), mas isso não me deprime. O que talvez me incomode é o fato de o local ter virado reduto turístico com grupos de excursão guiada entrando (por sorte) bem na hora em que eu estava indo embora. A ideia inicial de paz e harmonia, pelo menos na minha cabeça, não combina com grupos de turistas que passam várias vezes ao dia para visitas guiadas.

Saindo de Christianshavn.

O porto de Copenhagen, o Nyhavn (que significa novo porto, mas é bem antigo), é uma região bem turística, cheia de bares com comida típica local e com barcos que fazem passeios por outros canais que se originam deste principal. Hoje área de lazer para turistas, o porto outrora fora área de lazer para os marinheiros que tinham aí ao seu dispor as casas de prostituição e bares com muito álcool para agüentar (sim, insisto no trema) a profissão e o frio.




para dar uma ideia da conta

O nosso passeio de barco não foi usando os barcos turísticos que saem do Nyhavn e sim usando o ticket de transporte que dá direito a usar os barcos que são ônibus :)
Esse meio de transporte é o máximo, porque além de incluído no ticket (o que em se falando de Copenhagen significa MUITA economia), você pode ir parando nos diversos pontos, descendo, dando uma checada no que tem ali e seguindo no próximo barco, tipo um "hop-on, hop-off" sem ser turistão.





A Dinamarca é uma monarquia constitucional e é na sua capital onde fica a residência oficial da família real. O Palácio de Amalienborg, está localizado numa praça majestosa no distrito de Frederiksstaden, onde está também localizada a incrível Igreja de Mármore (Marmorkirken).




Próximo ao complexo de palácios reais está a Citadela (Kastelet) onde encontra-se a famosa "Pequena Sereia", símbolo da cidade, que representa uma personagem famosa de um dos contos do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. 

Kastelet:


Sei que parece estranho alguém que vai a Copenhagen não ir até a Pequena Sereia, mas o fato é que tem que caminhar muito para chegar até ela e eu estava mais interessada em ver algo mais interessante que fica também aí próximo, o Nyboder, um conjunto de casas construídas em 1631 para abrigar os trabalhadores da Marinha Real. 
Hoje as casinhas de parede ocre são locais disputados (e caros) de moradia que guardam a história do passado .



Nenhum país concentra num mesmo prédio os poderes executivo, legislativo e judiciário, exceto a Dinamarca. O Palácio de Christiansborg (Christiansborg Slot) é centro único do poder político do país há mais de 800 anos. Foi residência real, até um incêndio no século XVIII, passando após sua reconstrução a ser apenas órgão político.


Da sua torre a vista é essa:



E vê-se também o prédio da Bolsa de valores que cuja famosa torre é formada pelas caudas entrelaçadas de quatro dragões:


A região nos arredores da Strøget (rua de pedestres onde está concentrado o maior centro de comércio de Copenhagen) é para ser percorrida à pé. Mas não só a Strøget como também as perpendiculares que saem dela junto com as ruazinhas paralelas estreitas cheias de surpresa, como esse café onde comemos e bebemos muito bem.


Outras coisas bacanas de Copenhagen:

Gråbrødretorv: praça com casinhas coloridas cheia de restaurantes e bares


A austera e bela catedral:


A Sankt Nikolaj Kirke que já foi igreja e é hoje uma galeria de arte contemporânea:




O mercado Torvehallerne, com suas barraquinhas de comidas e vinhos e o Copenhagen Street Food, conglomerado de food trucks com comida do mundo inteiro:


Torvehallerne


Copenhagen Street Food


Um café lindo no meio da rua:



Os vagões para bicicletas e os estacionamentos de bicicletas próximos às estações de trem e metrô:



A lindinha moeda dinamarquesa:


Eu no lar do Lars Von Trier (Cinemateket - Det Danske Filminstitut):


De Copenhagen fizemos um bate e volta para Malmø, na Suécia. Contarei tudo no próximo post.


















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